Levo de graça a liberdade
A custos coloniais
Esperando a dor para mudar o Mundo
Aonde o sangue era escuro
Mais rijo que os caminhos de ferro e de terra
Bem maiores que a terra-mãe
O verdadeiro inicio não começa
P’la talhada moeda de gentes que nunca vimos
Aqui fazemos o Mundo de longe
Aqui o cacau foi a moeda da liberdade
Usada pela revolução dos cravos
Que a nós pretos não salvou
A dura e pesada mão da lusa bandeira

Apanho cacau
Carrego terras, cheiros e brasas
Sim escravo sem asas
As feridas, as outras vidas
De quem me rasga a pele
Parte-me o osso
Renascemos
Sou livre


Assim Deus fez
O preto.

(...)

Em moradas que só o povo preto
Soube amar para perdoar o passado
Pedimos por sinais coloniais
da cruz portuguesa
Somos pretos
De vida não nossas
Somos pretos
Somos roças

Using Format